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domingo, 30 de maio de 2010

Poema nas Nuvens X


De franqueforte franquefurta-me a placa giratória
No centro o minotauro do livro e do dinheiro
Bolsa do desespero!  o aeroporto cunha
a moeda do trânsito, da urgência joalheiro
Os diapositivos da espera me dissecam
nesta de mármore mesa da minha anatomia
e gelam as pestanas que velam o cadáver
da pressa escarnecida pela meteorologia
Os pés involuntários por tapetes rolantes
vão sendo massajados para os finais do juízo
Para a leda flor de pinho dos nervos lusitanos
franqueforte é farmácia que náo está de serviço
É de erres arrastados o ofício das ground-hostesses
que escrevem sim e não com a ponta do nariz
Emudecem as águas do baptismo de Goethe
nos químicos arredores deste alemão a giz
De franqueforte franquefarta-me o ninguém
                                                    [colectivo
este frio da morgue que abandona o cenário
às unhas dos relâmpagos e às pombas pluviosas
que pausas desdenhosas dejectam no horário
Aeroporto humano apenas na retrete
Na mansa paranóia da pista de absinto
pousa ariadna fio 727
gargalhando a saída do lerdo labirinto

Natália Correia
in O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro,
Antologia Poética

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