>

domingo, 13 de junho de 2010

Poema nas Nuvens XII

Cantos de Safo para Átis

I

Espero-a num silêncio de margem
enfeitiçada do rio e da viagem.
E na noite mais densa e mais acesa
onde aranhas de luz tecem um corpo
para a sua alma de princesa.

II

Desfez-te a brisa em meu cabelo agreste
Átis de corpo vegetal
perfumado e silvestre.
Lírio florido na mão que te procura
com delírios nos olhos
mordidos na cintura.

III

Como pombas
seus seios vêm pousar nas minhas mãos.
Estremecem e partem.
Como pombas minhas mãos os perseguem.
IV

Virginal abandonou-se no meu colo
claro e penetrante como o olhar de Apolo.
Partiu
purificada na alegria
dum corpo que lhe dei.
Fiquei
na estrela que o brilho me copia.
Acesa mas tão fria.

V

Lentos meus gestos desenham o seu rosto
rasgando a escuridão da sua ausência.
E o meu canto enleia-se no gosto
de a cantar em distância e em transparência. 

Natália Correia

2 comentários:

  1. Olá!
    Estou engreçando no mundo dos Blogs e navegando por aí encontrei o seu e adorei!

    Estou seguindo seu Blog.
    Segue o meu??
    Bj

    ResponderEliminar
  2. Estava seriamente com dificuldades em encontrar o último post que tinha comentado, mas finalmente lá consegui, a partir daqui é só ir de encontro aos mais recente.
    Estou de volta!! :D

    ResponderEliminar